Como alguns de vocês
devem pressupor, eu participo de alguns grupos na internet sobre
escrita, mercado literário e literatura em geral. Nos últimos
tempos tenho encontrado muitos comentários sobre a Chiado Editora,
alguns positivos, outros nem tanto. Mas o que mais me surpreendeu foi
o fato de que a maioria das pessoas que falam sobre a empresa pouco
ou nada sabem da forma que eles operam e do modo como publicam seus
livros. Sendo assim, resolvi escrever esse texto relatando um pouco a
minha experiência com a Chiado, sem tirar nem por, simplesmente como
tudo aconteceu, na esperança de que isso sirva de ajuda pra alguém
que esteja interessado nela, tanto como proposta de publicação como
simples curiosidade.
Enviei meu livro de
poesia, Até ao Topo, pra Chiado em meados de 2016, pelo site deles
na Internet. Recebi uma resposta em menos de uma semana, o que é
bastante incomum pra uma editora. Mesmo as menores geralmente levam
meses pra avaliar um texto e responder um autor. A maioria sequer
responde (sei disso por experiência própria).
Mas com a resposta
positiva veio uma proposta de publicação. Até ao Topo seria
publicado em Portugal e distribuído no Brasil, em todas as livrarias
e redes conveniadas. A arte de capa, diagramação e revisão
ficariam ao encargo da editora. Apesar disso, a revisão, se feita,
foi desnecessária, pois eu sempre reviso diversas vezes todos os
meus textos antes de sequer pensar em publicá-los.
Segundo o contrato, eu
deveria me comprometer a comprar 250 exemplares, os quais poderiam
ser vendidos por mim diretamente aos leitores. O resto da edição
seria vendido pela editora e livreiros, etc. Esse não é uma forma
incomum de operar, na qual o autor custeia uma parte da publicação.
Parece bizarro pra quem olha de fora, mas mesmo editoras maiores têm
operações semelhantes. Até que ponto isso é certo ou errado, é
uma outra disussão.
Um dos pontos negativos
do contrato, o único que me incomodou e me desestimulou a assiná-lo
foi o compromisso que assumi com a Chiado de que todos os livros que
eu pretendesse publicar no período de quatro anos seguintes deveriam
passar pela avaliação da editora antes. Ao ler melhor o contrato e
me informar melhor sobre como funcionam esses compromissos, entendi
que eu não teria uma obrigação de aceitar novos contratos da
Chiado pra novos livros, mas sim, uma obrigação de enviar a eles
conjuntamente com os possíveis envios a outras editoras, ou seja, eu
ainda tenho minha liberdade de escolher outra editora em um possível
novo livro, caso a Chiado não seja capaz de fazer uma proposta
melhor.
Munido de todas as
informações que estavam à minha disposição, assinei o contrato.
Eles me pediram sugestões pra arte de capa do livro, e eu enviei a
eles. A capa saiu melhor do que o esperado. Até hoje acho, de todos
os livros que já publiquei, a melhor capa. Mas devido a um atraso
na gráfica, Até ao Topo só foi efetivamente publicado em julho de
2017.
Eis aí a capa:
Nesse meio tempo, fui
convidado a participar da coletânea de poesia contemporânea Além
da Terra, Além do Céu, que foi organizada pela Chiado Editora e que
teve seu lançamento em São Paulo. Estive no lançamento e
participei da coletânea com o poema “O Mago”, que ainda não foi
publicado em nenhuma obra unicamente de minha autoria (mas será,
aguardem).
Quando Até ao Topo foi
publicado, organizei dois eventos de lançamento, um em Joinville,
outro em Brasília, onde pude vender uma parte dos exemplares que
estavam comigo. Os eventos foram um verdadeiro sucesso e as fotos
estão na minha página do Facebook. Apesar disso, esses eventos
foram organizados por mim, e a editora não participou de nenhum. A
única ajuda que obtive, além de breves orientações, foi a arte de
um cartaz de lançamento, cuja foto também está na minha página.
Um outro evento foi
realizado na Bienal do Rio de Janeiro (fotos no Facebook também)
onde estive presente lançando o livro. Esse evento foi inteiramente
organizado pela editora e tive todo o apoio necessário (exceto
passagens e hospedagens). Em contrapartida, os livros que foram
vendidos na Bienal foram os da editora, não os que eu tinha comigo.
No geral, Até ao Topo
tem vendido bem, considerando o mercado restrito e a concorrência
grande. Na minha visão a única coisa que peca realmente na editora
é a distribuição, pois até hoje nunca encontrei meu livro em uma
livraria física. Além disso, mesmo na loja virtual da livraria
Saraiva, ele encontra-se “indisponível”. Isso pode ser por conta
do fato da editora ser mais conhecida em Portugal, e ter mais peso
por lá. Mas como nunca estive em Lisboa, não posso afirmar até que
ponto.
Considerando tudo isso,
minha experiência com a Chiado Editora foi bastante positiva,
aprendi muito sobre o mercado literário desde então, organizei
eventos (o que eu não tinha feito com meus outros livros) e
participei tanto da coletânea quanto da Bienal, oportunidades que eu
não teria se tivesse lançado Até ao Topo de outra forma.
Esse texto só existe
mesmo porque eu encontrei algumas pessoas (principalmente no
Facebook) falando sobre a editora, ignorando diversos pontos
importantes e falando do que não conheciam. Sendo assim, escrevi
esse texto unicamente pra relatar a minha experiência pessoal, como
ela foi propriamente.
Quanto aos meus próximos
livros, aguardem um pouco mais. Tenho muita coisa preparada pra esse
ano, mas acho que só ano que vem terei novidades efetivas. Até lá,
um abraço a todos.
Pra quem ainda não conhece, minha página no Facebook:
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