quarta-feira, 6 de abril de 2016

Galáxia Vomitada



            Imagine o leitor um homem com severos problemas intestinais. Agora imagine-o comendo uma pizza que foi entregue no mês anterior, cheia de queijo podre e com um odor fétido que empesteia até a perfumaria. Agora imagine esse mesmo homem comendo além dessa pizza, um cachorro quente cheio de baratas mortas, um hambúrguer de rato podre e um sorvete cheio de bolor. Imaginou? Prosseguimos...
            Agora imagine que esse homem em questão passou mal (como já era de se esperar) e vomitou. Contemple com os olhos da mente o aspecto, a cor, o cheiro e a consistência desse vômito. Conseguiu? Enfim, esse é o aspecto geral da “obra” Galáxias, de Haroldo de Campos.
            Não bastasse o imbecil discurso do Caetano Veloso chamando essa aberração de “proesia”, ainda temos um gigantesco número de acadêmicos que se acham entendidos de literatura só porque pagam pau pro Walter Benjamin achando que essa merda tem algo de bom a nos dizer.
            O texto em si não passa de um delírio, sem nexo, sem sentido, que tem claramente o objetivo de zombar e distorcer o conceito geral da boa literatura. Não estou surpreso, já faz um bom tempo que verdadeiras abominações dessa abjeta categoria têm se infiltrado entre os grandes fingindo se tratarem de grandes obras da literatura universal. Isso não me surpreende em nada.
            Mas mesmo não estando surpreso com a atenção que uma obra ruim é capaz de receber, não posso negar o fato de que esse tipo de diarreia literária me enfurece. Me enfurece porque por conta de meia dúzia de “imbecis com doutorado” (são mais comuns do que se imagina, pode acreditar) nós, apreciadores da verdadeira literatura somos obrigados a estudar esse tipo de aberração no cânone literário brasileiro e considera-la uma obra do mesmo calibre de Camões e Bocage. Ora, faça-me o favor...
            O livro de uma forma geral consiste em uma série de textos desconexos, frases sem sentido, palavras inventadas, mistura de línguas e absolutamente nada que realmente valha a pena ser lido. Uma verdadeira representação da nossa sociedade atual quando vista sob a óptica do olho do cu.
            Não me levem a mal, eu não estou dizendo que todo poema deva ter métrica e rima, como acreditavam os escritores do passado. Eu mesmo já escrevi inúmeros poemas em verso livre, meu livro de estreia, Formato Mínimo, é escrito inteiramente em verso livre. Além do mais, entre os poetas que mais admiro figuram alguns que se utilizam da licença poética e da autonomia criativa pra criar algo que, apesar de não ter o mesmo valor estético de um Olavo Bilac, tem com certeza uma pureza de sentimento que transcende a forma. Até aí tudo bem, eu entendo e respeito. Agora dizer que um conjunto de frases desconexas e sem sentido são “proesia” é um insulto a qualquer pessoa com bom senso.
            E falando em senso, percebi enquanto lia esse vômito travestido de literatura que o discurso desse “livro” se assemelha muito aos delírios de algum paciente que sofre de algum tipo de doença mental grave. Leia o livro e visite uma clínica psiquiátrica e observe os pacientes: a semelhança é assustadora.
            Mas isso não me surpreende em nada. Nem o fato de um “intelectual” escrever um monte de bosta como esse, nem o fato de uma série de acadêmicos que enfiaram muitos diplomas e condecorações no orifício anal acharem essa merda um grande livro. Infelizmente, isso não me surpreende de forma alguma, pois tudo isso é sem dúvida uma ilustração simplória da deterioração da civilização ocidental, da perda de tudo o que um dia foi bom e ilustre. Da destruição dos seus valores, esperanças e principalmente da sua beleza.
            E fico eu aqui reclamando disso tudo, esperando que o meu leitor tenha o mínimo de bom senso e perceba que isso não é literatura, nem “proesia”. Não passa de um delírio de um paciente com sérios transtornos psiquiátricos. Enquanto isso eu observo a literatura se desmanchando, a sociedade se desconstruindo, a civilização queimando, enquanto os poetas da eternidade cantam a aurora da sua infância, os anos dourados de Homero e Dante, quando realmente se sabia extrair das palavras a beleza que na literatura de hoje já não mais existe.