terça-feira, 27 de março de 2018

A Minha Experiência com a Chiado Editora


   Como alguns de vocês devem pressupor, eu participo de alguns grupos na internet sobre escrita, mercado literário e literatura em geral. Nos últimos tempos tenho encontrado muitos comentários sobre a Chiado Editora, alguns positivos, outros nem tanto. Mas o que mais me surpreendeu foi o fato de que a maioria das pessoas que falam sobre a empresa pouco ou nada sabem da forma que eles operam e do modo como publicam seus livros. Sendo assim, resolvi escrever esse texto relatando um pouco a minha experiência com a Chiado, sem tirar nem por, simplesmente como tudo aconteceu, na esperança de que isso sirva de ajuda pra alguém que esteja interessado nela, tanto como proposta de publicação como simples curiosidade.
   Enviei meu livro de poesia, Até ao Topo, pra Chiado em meados de 2016, pelo site deles na Internet. Recebi uma resposta em menos de uma semana, o que é bastante incomum pra uma editora. Mesmo as menores geralmente levam meses pra avaliar um texto e responder um autor. A maioria sequer responde (sei disso por experiência própria).
   Mas com a resposta positiva veio uma proposta de publicação. Até ao Topo seria publicado em Portugal e distribuído no Brasil, em todas as livrarias e redes conveniadas. A arte de capa, diagramação e revisão ficariam ao encargo da editora. Apesar disso, a revisão, se feita, foi desnecessária, pois eu sempre reviso diversas vezes todos os meus textos antes de sequer pensar em publicá-los.
   Segundo o contrato, eu deveria me comprometer a comprar 250 exemplares, os quais poderiam ser vendidos por mim diretamente aos leitores. O resto da edição seria vendido pela editora e livreiros, etc. Esse não é uma forma incomum de operar, na qual o autor custeia uma parte da publicação. Parece bizarro pra quem olha de fora, mas mesmo editoras maiores têm operações semelhantes. Até que ponto isso é certo ou errado, é uma outra disussão.
   Um dos pontos negativos do contrato, o único que me incomodou e me desestimulou a assiná-lo foi o compromisso que assumi com a Chiado de que todos os livros que eu pretendesse publicar no período de quatro anos seguintes deveriam passar pela avaliação da editora antes. Ao ler melhor o contrato e me informar melhor sobre como funcionam esses compromissos, entendi que eu não teria uma obrigação de aceitar novos contratos da Chiado pra novos livros, mas sim, uma obrigação de enviar a eles conjuntamente com os possíveis envios a outras editoras, ou seja, eu ainda tenho minha liberdade de escolher outra editora em um possível novo livro, caso a Chiado não seja capaz de fazer uma proposta melhor.
   Munido de todas as informações que estavam à minha disposição, assinei o contrato. Eles me pediram sugestões pra arte de capa do livro, e eu enviei a eles. A capa saiu melhor do que o esperado. Até hoje acho, de todos os livros que já publiquei, a melhor capa. Mas devido a um atraso na gráfica, Até ao Topo só foi efetivamente publicado em julho de 2017.

   Eis aí a capa:

  Nesse meio tempo, fui convidado a participar da coletânea de poesia contemporânea Além da Terra, Além do Céu, que foi organizada pela Chiado Editora e que teve seu lançamento em São Paulo. Estive no lançamento e participei da coletânea com o poema “O Mago”, que ainda não foi publicado em nenhuma obra unicamente de minha autoria (mas será, aguardem).
   Quando Até ao Topo foi publicado, organizei dois eventos de lançamento, um em Joinville, outro em Brasília, onde pude vender uma parte dos exemplares que estavam comigo. Os eventos foram um verdadeiro sucesso e as fotos estão na minha página do Facebook. Apesar disso, esses eventos foram organizados por mim, e a editora não participou de nenhum. A única ajuda que obtive, além de breves orientações, foi a arte de um cartaz de lançamento, cuja foto também está na minha página.
   Um outro evento foi realizado na Bienal do Rio de Janeiro (fotos no Facebook também) onde estive presente lançando o livro. Esse evento foi inteiramente organizado pela editora e tive todo o apoio necessário (exceto passagens e hospedagens). Em contrapartida, os livros que foram vendidos na Bienal foram os da editora, não os que eu tinha comigo.
   No geral, Até ao Topo tem vendido bem, considerando o mercado restrito e a concorrência grande. Na minha visão a única coisa que peca realmente na editora é a distribuição, pois até hoje nunca encontrei meu livro em uma livraria física. Além disso, mesmo na loja virtual da livraria Saraiva, ele encontra-se “indisponível”. Isso pode ser por conta do fato da editora ser mais conhecida em Portugal, e ter mais peso por lá. Mas como nunca estive em Lisboa, não posso afirmar até que ponto.
   Considerando tudo isso, minha experiência com a Chiado Editora foi bastante positiva, aprendi muito sobre o mercado literário desde então, organizei eventos (o que eu não tinha feito com meus outros livros) e participei tanto da coletânea quanto da Bienal, oportunidades que eu não teria se tivesse lançado Até ao Topo de outra forma.
   Esse texto só existe mesmo porque eu encontrei algumas pessoas (principalmente no Facebook) falando sobre a editora, ignorando diversos pontos importantes e falando do que não conheciam. Sendo assim, escrevi esse texto unicamente pra relatar a minha experiência pessoal, como ela foi propriamente.
   Quanto aos meus próximos livros, aguardem um pouco mais. Tenho muita coisa preparada pra esse ano, mas acho que só ano que vem terei novidades efetivas. Até lá, um abraço a todos.

   Pra quem ainda não conhece, minha página no Facebook:
https://www.facebook.com/Guilherme-Lemke-Escritor-151770171653728/

quinta-feira, 1 de março de 2018

O café e o açaí

   Duas coisas que eu não entendo exatamente pelo mesmo motivo: café e açaí. Como é que existem seres humanos capazes de gostar de algo desse tipo?
   Vejamos o açaí primeiro. Está na moda, é cool, é fashion, é wolf (só estou citando palavras aleatórias em inglês pra parecer cool). Você vai num desses lugares que vendem açaí (eles brotam aos montes, da noite pro dia) e se sente o maioral, o jovem, o integrado, e tira foto pra postar na porra do instagram.
   Mas a verdade é que aquilo tem gosto de terra, ou seja, merda de minhoca. Aí o cara vai lá, pede um açaí, se achando o super-monster-motherfucker e põe no seu copo meio quilo de leite ninho, dois quilos de leite condensado, três quilos de açúcar, nove colheres de balas e granulados e uns três litros de suco de uva. Tudo isso pra postar fotos nas redes sociais dizendo "nossa, como eu amo açaí". Não amigo, você não ama açaí. Quer dizer que gosta de açaí, então come ele puro. É bom?
   Com o café é a mesma coisa. Exceto que o café tem um cheiro realmente gostoso, tipo um peido da Angelina Jolie. Mas o gosto não é muito bom, tipo um peido da Angelina Jolie. Aí o cara vai lá e faz exatamente a mesma coisa que o açaí. Enche de açucar, põe meio litro de leite e uma gota de café e sai postando foto em tudo que é lugar dizendo "nossa, como eu amo café". Ah, vai tomar no cu amigo. Se você gosta de café, ótimo. Mas não fica fazendo cara de nojinho quando não tem açúcar, porque isso não é coisa de quem gosta de café.
   Porque eu estou falando isso?
   Porque eu não gosto de nenhum dos dois e estou atualmente sem coisas banais pra implicar e reclamar. Mas a verdade é que se você gosta de alguma coisa, tem que ser por gostar mesmo, não pra se enquadrar num perfil idiota.
   Mas foda-se. Vai lá encher seu café de leite enquanto eu vou dormir.

P.S. - A foto eu roubei do Google.